terça-feira, 13 de julho de 2010

Sobre a World Expo e a China de hoje

Em 2008, a China investiu cerca de US$40 bilhões nas Olimpíadas de Beijing. Resultado: um espetáculo monumental que serviu como vitrine da nova China para o mundo ocidental; a China literalmente mostrou-se para o mundo. Dois anos depois, é o mundo que se mostra à China. A edição de 2010 da World Expo (ou Exposição Mundial, evento global realizado pela primeira vez em 1851 em Londres sob o título World’s Fair) está sendo realizada em Shanghai e segue até 31 de outubro. Desta vez, o investimento é de US$45 bilhões.

Walk around the Bird's Nest
Jovens chinesas caminham diante do Estádio Nacional em Beijing


Canção comemorativa produzida para a contagem regressiva de 100 dias antes das Olimpíadas em Beijing (2008)

World Expo 2010
Visitantes ao redor do pavilhão nacional da China, na World Expo 2010

World Expo 2010
Visitantes na área da Europa, na World Expo. Ao fundo, o pavilhão nacional da Finlândia


Vídeo de divulgação da World Expo 2010

O que esses dois eventos de proporções mundiais – as Olimpíadas e a World Expo – dizem sobre a China? Primeiro, que eles não têm medo de investir. Segundo, que eles estão dispostos a abraçar o mundo – e, consequentemente, o padrão de consumo ocidental, de McDonald’s a BMWs. Aliás, isso já aconteceu. A China comunista, da forma como ela existe no imaginário das gerações mais antigas, não existe mais. Isso fica visível, por exemplo, ao entrar num shopping center em metrópoles como Beijing ou Shanghai. Lá, é difícil saber se você está na China ou nos Estados Unidos, tanto pelos letreiros em inglês como pelo Burger King apinhado de gente numa das esquinas.

A realização desses eventos, principalmente no que diz respeito à World Expo em Shanghai, mostra ainda que os olhos do mundo estão voltados para a China, e muito atentamente. Isso não é um fenômeno inédito, é claro. Olhos voltados para a China já estimularam muitos e muitos séculos de comércio durante o tempo da Rota da Seda. Posteriormente, foi a vontade de chegar à Índia e à China que estimulou os navegadores europeus a lançar-se ao mar. Mais uma vez, após o falecimento de Mao (na década de 70) e a abertura econômica promovida por Deng Xiaoping nos anos seguintes, a China renasce como uma terra de oportunidades.

Oportunidades essas que Shanghai representa muito bem por ser uma cidade híbrida que mistura o novo e o antigo, assim como o ocidente e o oriente. Não é por menos que a cidade pretende ser a próxima capital global no século XXI. A realização da World Expo às margens do rio Huangpu é uma das engrenagens que giram nessa direção.

Old and new in Shanghai
Shanghai: uma cidade híbrida que une o novo e o antigo

上海
A cidade que pretender ser a capital global do século XXI

Hoje, há muitos estrangeiros vivendo na China, ainda que a maioria abrasadora seja, obviamente, formada por chineses. É fácil ser maioria quando se é uma nação com quase 1 bilhão e meio de cidadãos. Todavia, apesar de visitantes – e residentes – ocidentais não serem uma novidade, o povo chinês ainda é curioso com relação ao estrangeiro. Se você está indo para lá e tem sua origem declarada pela aparência ocidental, como eu, prepare-se para olhares demorados no metrô, muitas vezes seguidos por comentários indiscretos. Ainda que esteja dividida em 56 minorias étnicas, a maioria (mais de 90%) da população chinesa pertence a uma única etnia, chamada han. Ou seja, o povo chinês está muito menos acostumado à diversidade do que o brasileiro, por exemplo. Nesse sentido, quanto à diversidade, ainda há um longo caminho a percorrer até que a China consiga realmente abraçar o mundo, como vem tentando. (G.P.)

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