Hatsune Miku tem 16 anos, mede 1,58 m de altura e pesaria 42 kg se não fosse uma projeção. Criada pela Crypton Future Media Inc., empresa de produção fonográfica localizada em Sapporo, no norte do Japão, Hatsune foi desenvolvida por meio da tecnologia Vocaloid, que cria vozes sintéticas e permite ao usuário compor músicas e adicionar interpretações vocais a elas sem a necessidade de um intérprete real. É um fenômeno novo na indústria audiovisual, mas vai além. Pois Hatsune Miku não é apenas uma voz; ela é uma diva completa. Baseada no design dos personagens do mangá japonês, ela escapa das telas de computadores e Ipods para cair num ambiente bem mais real, digamos assim. Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Tenho de concordar que, neste caso, é verdade. Para entender, nada melhor do que assistir ao vídeo do show de Hatsune "ao vivo":
Hatsune Miku é uma interface entre o mundo binário e o mundo tridimensional. Ao ser inserida num palco diante de centenas de espectadores, porém, ela deixa de ser uma simples projeção para se tornar o simulacro de uma cantora pop. Nesse ambiente, ela é capaz de despertar no público as mesmas emoções e sensações que uma cantora real despertaria. Talvez até mais, considerando-se o seu design de grande apelo. Da interação entre a diva holográfica e o público de carne e osso, nasce um novo tipo de fetichismo – que dificilmente seria criado num local que não fosse o Japão. E ela faz a gente se perguntar: o que é real?
Esse tipo de projeção não é uma novidade tão inédita no entretenimento. Atrações da Disney já fazem uso desse recurso há algum tempo. A novidade, porém, é a realização de um show completo estrelado por uma cantora que não existe, cujas canções não foram gravadas na íntegra por uma dubladora real, mas geradas por um programa de computador. Quando o público se relaciona com um software da mesma forma que o faz com uma pessoa real, isso faz a gente se perguntar qual é o limite na relação entre homem e máquina.
Esse tipo de tecnologia encontra críticas ocasionais, principalmente vindas das gerações mais antigas, que se perguntam o que acontecerá com as relações interpessoais no futuro. Bem, por enquanto Hatsune Miku ainda precisa do fator humano presente na criatividade do compositor, pois, obviamente, ela não cria suas próprias músicas. Mas o que vai acontecer quando novos softwares permitirem às máquinas tomarem decisões por si próprias? Pode parecer ficção científica, mas isso já acontece com os robôs que viajam em Marte, por exemplo, que são capazes de analisar o ambiente e tomar algumas decisões sem precisar da autorização de seus controladores da Nasa.
Imaginemos então um mundo em que máquinas, ou suas representações holográficas, tomem decisões e se reproduzam como faz o ser humano. Dizemos – pelo menos deste lado do mundo – que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Em teoria, podemos supor então que nessa “semelhança” está incluído o potencial que o homem tem de criar um outro “ser” à imagem e semelhança do próprio homem. Quando o avanço tecnológico culminar num andróide capaz de tomar suas próprias decisões e fazer cópias de si mesmo, talvez seja impossível diferenciá-lo de um ser vivo. Até lá, Hatsune Miku nos dá uma agradável prévia. (G.P.)
Hatsune Miku é uma interface entre o mundo binário e o mundo tridimensional. Ao ser inserida num palco diante de centenas de espectadores, porém, ela deixa de ser uma simples projeção para se tornar o simulacro de uma cantora pop. Nesse ambiente, ela é capaz de despertar no público as mesmas emoções e sensações que uma cantora real despertaria. Talvez até mais, considerando-se o seu design de grande apelo. Da interação entre a diva holográfica e o público de carne e osso, nasce um novo tipo de fetichismo – que dificilmente seria criado num local que não fosse o Japão. E ela faz a gente se perguntar: o que é real?
Esse tipo de projeção não é uma novidade tão inédita no entretenimento. Atrações da Disney já fazem uso desse recurso há algum tempo. A novidade, porém, é a realização de um show completo estrelado por uma cantora que não existe, cujas canções não foram gravadas na íntegra por uma dubladora real, mas geradas por um programa de computador. Quando o público se relaciona com um software da mesma forma que o faz com uma pessoa real, isso faz a gente se perguntar qual é o limite na relação entre homem e máquina.
Esse tipo de tecnologia encontra críticas ocasionais, principalmente vindas das gerações mais antigas, que se perguntam o que acontecerá com as relações interpessoais no futuro. Bem, por enquanto Hatsune Miku ainda precisa do fator humano presente na criatividade do compositor, pois, obviamente, ela não cria suas próprias músicas. Mas o que vai acontecer quando novos softwares permitirem às máquinas tomarem decisões por si próprias? Pode parecer ficção científica, mas isso já acontece com os robôs que viajam em Marte, por exemplo, que são capazes de analisar o ambiente e tomar algumas decisões sem precisar da autorização de seus controladores da Nasa.
Imaginemos então um mundo em que máquinas, ou suas representações holográficas, tomem decisões e se reproduzam como faz o ser humano. Dizemos – pelo menos deste lado do mundo – que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Em teoria, podemos supor então que nessa “semelhança” está incluído o potencial que o homem tem de criar um outro “ser” à imagem e semelhança do próprio homem. Quando o avanço tecnológico culminar num andróide capaz de tomar suas próprias decisões e fazer cópias de si mesmo, talvez seja impossível diferenciá-lo de um ser vivo. Até lá, Hatsune Miku nos dá uma agradável prévia. (G.P.)