Estudando jornalismo, encontro de vez em quando pessoas que querem salvar o mundo. Mais do que isso, às vezes elas querem mudar o mundo; e muitas são ávidas para julgar o certo e o errado de uma maneira genérica, muitas vezes sem considerar o contexto dos acontecimentos. E contexto é uma coisa muito importante.
Eu me lembro de um fato interessante que presenciei em Pittsburg, uma cidadezinha no interior do Kansas, bem no meio dos Estados Unidos. Sobre Pittsburg, podemos dizer que, geograficamente, ela fica agradavelmente no meio do nada. Ainda assim, devido ao campus da Pittsburg State University estar lá localizado, ela é um microcosmo do mundo, cheia de estudantes de todos os continentes vivendo juntos. É um caldeirão cultural.
Num fim de semana ocioso em Pittsburg, fui conhecer uma igreja católica com um amigo brasileiro declaradamente pagão e uma garota chinesa cujo nome ocidental é Amy. Ela nunca havia entrado num templo religioso cristão antes e sua noção sobre o Cristianismo era bem restrita. Uma vez lá dentro, fomos recebidos cordialmente por um padre, que nos mostrou os aposentos da igreja e, devido à curiosidade de nossa colega chinesa, nos levou ao confessionário. Ela já havia visto confessionários antes em filmes exportados pelos Estados Unidos, mas não sabia exatamente qual era a sua função. Então, o padre explicou a ela os fundamentos da confissão católica, dizendo que a confissão servia para absolver a pessoa de seus pecados e tudo mais. “Mas isso quer dizer que uma pessoa pode fazer coisas erradas, pedir perdão e fazer as mesmas coisas de novo?”, perguntou ela ao padre. Ele confirmou que sim. “Então como elas vão aprender?”, rebateu ela, com genuína curiosidade. Entendendo o mundo com sua mentalidade não-Cristã, a absolvição concedida pela confissão católica deve soar bem incoerente, devo admitir. Ainda naquele mesmo dia, outro tópico que provocou certa dúvida em Amy foi a hóstia. “Quer dizer que vocês comem o seu Deus?”, questionou ela. E essa pode parecer uma pergunta banal, mas eu não acredito que seja. Muito pelo contrário, trata-se de uma questão de muito valor epistemológico, se você quer saber. Ora, por que é que nós fazemos o que nós fazemos?
Se pensarmos sobre isso sob a ótica de nossa sociedade, tem muita gente que acharia inconcebível não saber a respeito de Jesus, de nosso Deus com D maiúsculo e por aí vai, mas a maioria dessas pessoas não sabe absolutamente nada sobre as crenças do outro lado do mundo. Como é que alguém pode julgar o que é certo e o que é errado, e com base em quê? Nós fazemos o que fazemos da forma que fazemos porque foi assim que aprendemos. Em outros locais, outras pessoas aprenderam outras coisas com base em outras culturas. Que também estão certas.
Voltando àquelas pessoas que pretendem corrigir o mundo (mas na verdade só querem adequá-lo aos seus espelhos), eu não sei se o problema é ingenuidade, ignorância ou prepotência. Na verdade, eu acho que a maioria das pessoas tem dificuldade para entender que, para que uma coisa seja certa, as outras não precisam necessariamente ser erradas. E assim, elas saem por aí propondo suas Cruzadas particulares diárias, talvez sem perceber que certo e errado, em última instância, só dependem do lado em que você se encontra.
Um cara chamado Shakespeare já disse há um tempo que “nós somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos.” A questão é que, se nós mantivermos a mente aberta o suficiente, vamos perceber que não só nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos, mas nossos sonhos – os nossos e os dos outros – também são feitos da mesma matéria. Eles podem ser diferentes, mas são equivalentes.
Trocando em miúdos, vamos tratar de abrir a cabeça. (G.P.)
Eu me lembro de um fato interessante que presenciei em Pittsburg, uma cidadezinha no interior do Kansas, bem no meio dos Estados Unidos. Sobre Pittsburg, podemos dizer que, geograficamente, ela fica agradavelmente no meio do nada. Ainda assim, devido ao campus da Pittsburg State University estar lá localizado, ela é um microcosmo do mundo, cheia de estudantes de todos os continentes vivendo juntos. É um caldeirão cultural.
Num fim de semana ocioso em Pittsburg, fui conhecer uma igreja católica com um amigo brasileiro declaradamente pagão e uma garota chinesa cujo nome ocidental é Amy. Ela nunca havia entrado num templo religioso cristão antes e sua noção sobre o Cristianismo era bem restrita. Uma vez lá dentro, fomos recebidos cordialmente por um padre, que nos mostrou os aposentos da igreja e, devido à curiosidade de nossa colega chinesa, nos levou ao confessionário. Ela já havia visto confessionários antes em filmes exportados pelos Estados Unidos, mas não sabia exatamente qual era a sua função. Então, o padre explicou a ela os fundamentos da confissão católica, dizendo que a confissão servia para absolver a pessoa de seus pecados e tudo mais. “Mas isso quer dizer que uma pessoa pode fazer coisas erradas, pedir perdão e fazer as mesmas coisas de novo?”, perguntou ela ao padre. Ele confirmou que sim. “Então como elas vão aprender?”, rebateu ela, com genuína curiosidade. Entendendo o mundo com sua mentalidade não-Cristã, a absolvição concedida pela confissão católica deve soar bem incoerente, devo admitir. Ainda naquele mesmo dia, outro tópico que provocou certa dúvida em Amy foi a hóstia. “Quer dizer que vocês comem o seu Deus?”, questionou ela. E essa pode parecer uma pergunta banal, mas eu não acredito que seja. Muito pelo contrário, trata-se de uma questão de muito valor epistemológico, se você quer saber. Ora, por que é que nós fazemos o que nós fazemos?
Se pensarmos sobre isso sob a ótica de nossa sociedade, tem muita gente que acharia inconcebível não saber a respeito de Jesus, de nosso Deus com D maiúsculo e por aí vai, mas a maioria dessas pessoas não sabe absolutamente nada sobre as crenças do outro lado do mundo. Como é que alguém pode julgar o que é certo e o que é errado, e com base em quê? Nós fazemos o que fazemos da forma que fazemos porque foi assim que aprendemos. Em outros locais, outras pessoas aprenderam outras coisas com base em outras culturas. Que também estão certas.
Voltando àquelas pessoas que pretendem corrigir o mundo (mas na verdade só querem adequá-lo aos seus espelhos), eu não sei se o problema é ingenuidade, ignorância ou prepotência. Na verdade, eu acho que a maioria das pessoas tem dificuldade para entender que, para que uma coisa seja certa, as outras não precisam necessariamente ser erradas. E assim, elas saem por aí propondo suas Cruzadas particulares diárias, talvez sem perceber que certo e errado, em última instância, só dependem do lado em que você se encontra.
Um cara chamado Shakespeare já disse há um tempo que “nós somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos.” A questão é que, se nós mantivermos a mente aberta o suficiente, vamos perceber que não só nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos, mas nossos sonhos – os nossos e os dos outros – também são feitos da mesma matéria. Eles podem ser diferentes, mas são equivalentes.
Trocando em miúdos, vamos tratar de abrir a cabeça. (G.P.)
Pois então, este pagão era eu. Esta é uma cena que posso dizer que foi divisora de águas em minha vida. Aqui no acidente, nós estamos tão inseridos no cristianismo, que somos totalmente ignorantes em relação a outras filosofias. Não ignorantes como broncos, mas que ignoramos a existencia de outras formas de se avaliar a vida. Mas qual ponto de vista é o verdadeiro? Pessoas boas como Ghandi merecem queimar no inferno por não acreditarem em Cristo? Não sei, esta é uma questão sem fim. Que vale uma discussão enérgica, mas sem fim. Então o melhor é acreditarmos e seguir aquilo que nos faz bem, de verdade. E respeitar o proximo.
ResponderExcluirok, ok.
ResponderExcluirSe me permitem expor a minha adesão pessoal ao que eu acredito ser bom e verdadeiro...(gosto de debates virtuais).
Jesus Cristo dá lucro e te dá passaporte para o (que eles dizem ser) pecado sem sofrer consequências.
Um dos seus mandamentos é não usar seu nome em vão.
Estão o usando pra ganhar dinheiro e/ou praticar pedofilia.
A bíblia foi escrita pra "domar" os povos ignorantes da época. E ainda precisam seguí-la, por que a maioria das pessoas não é capaz de achar seus próprios valores e caminhos e discernir o que é certo e errado por si só. Precisa ter alguém dizendo, algum livro ou desenho que mostre. Igual cavalo que precisa ser guiado com o cabresto.
Acredito no poder superior e respeito toda e qualquer forma de deus. Mas, o que acontece hoje não é fé, é apoiar seus pecados no perdão. Certas coisas não deveriam ter perdão.
Acredito que a melhor coisa é cada um ficar no seu quadrado. E sermos pessoas de respeito. ; )
E praticarmos amor. :D...muito amor!
Mas o x da minha questão não é a crítica ao Cristianismo, muito pelo contrário. Reduzir uma crença inteira a alguns maus exemplos também é "salvar/mudar/corrigir" o mundo. O x da questão é a variabilidade de conceitos. Quanto ao amor, eu assino embaixo.
ResponderExcluirSó concluir meu pensamento aqui.
ResponderExcluirSobre a variabilidade de conceitos religiosos: é uma questão cultural. A maioria das pessoas que carregam sua cultura (entra aqui a religião) orgulhosamente no peito são adormecidas, medíocres. E em mentes medíocres, o que é dela sempre é o melhor e certo, de uma forma geral.
Por isso a rotulação de certo (meu) ou errado (de outrem).
Nessa postagem me referi também a uma religião (líderes) que é fechada aos seus conceitos retrógrados e não aberta a outras formas de fé. Existem muitas outras. Usei o Cristianismo como exemplo.
Não concordo com a maneira dessas religiões tratarem a fé (e a fé dos outros).
Eu abomino isso.
Por isso eu prefiro não ter religião.
Apenas Fé. A minha fé.