A Odisseia, escrita oito séculos antes do nascimento de Cristo, é uma das obras mais importantes da literatura mundial. Trata-se de um poema épico escrito em 24 rapsódias, cuja narrativa influencia a literatura ocidental até hoje. Impressionante, não?
Se você não leu – ou não quer ler – a obra original, aí vai uma versão fast-food para ser apreciada em 5 minutos.
A Odisseia, de Homero, em 5 minutos
Fade in
Telêmaco é um cara que vive em Ítaca, uma ilha grega, e já está com o saco cheio de uma galera que vive fazendo a maior zona em sua casa. Chamados de pretendentes, eles são um bando de nobres que querem se casar com sua mãe, Penélope. Tudo porque o seu pai, Odisseu (também chamado de Ulisses) lutou na guerra de Tróia e, anos depois, ainda não voltou para casa. Pois é, quando o gato sai, os ratos fazem a festa. Num certo dia, os deuses decidem que está na hora de Odisseu voltar para casa, mas o problema é que ele está preso na ilha de Calipso, uma ninfa do mar. Então, Atena, a deusa da sabedoria, desce disfarçada à Ítaca, conversa com um pessoal e arruma para Telêmaco um barco e uma tripulação. Juntos, Atena e Telêmaco partem em busca de Odisseu. Eles param em Pilo, onde conseguem uns cavalos, e Telêmaco parte para Esparta, onde conhece Menelau, marido de Helena e veterano da guerra de Tróia. Menelau diz que ouviu um papo de que Odisseu está vivo numa ilha. Fica aí o mistério e, enquanto isso, os pretendentes se preparam para matar Telêmaco quando ele voltar para casa.
Mais uma vez, os deuses fazem uma reuniãozinha e decidem que Calipso deve libertar Odisseu. Então eles mandam Hermes, o jornalista/relações públicas dos deuses para conversar com a ninfa. Dessa forma, ela liberta Odisseu, que constrói uma jangada e sai navegando tranquilamente. Porém, Poseidon chega de repente e joga uma tempestade sobre Odisseu. Ino (também chamada de Leucotéia), uma entidade que ajuda o pessoal que está naufragando, transforma-se em gaivota e dá a Odisseu uma espécie de colete salva-vidas. Ele chega então ao país dos feácios.
Enquanto Odisseu dorme, Atena (ela de novo!) aparece nos sonhos de Nausícaa, a princesa dos feácios, e a manda lavar roupa no rio. Quando chega ao rio, Nausícaa encontra Odisseu, gosta dele e diz para ele ir bater um papo com o pai dela, pois os feácios sabem construir barcos muito bem. Mas eles são muito xenofóbicos, os safadinhos, e por isso Atena faz um feitiço maroto que o torna invisível. Odisseu conhece então o rei Alcino e, no dia seguinte, eles vão para a ágora (o centro da cidade) e falam sobre a guerra de Tróia. Bate uma emoção em Odisseu e ele chora, mas só Alcino percebe. Mais tarde, os feácios cantam sobre o Trojan Horse (o cavalo de madeira, não o vírus) e Odisseu chora de novo. O rei percebe e pensa “Opa, quem é esse cara?”, fica com a pulga atrás da orelha e vai falar com ele.
Odisseu diz quem é verdadeiramente e assim começam seus relatos aos feácios. Ele diz que, primeiramente, juntou um pessoal e foi criar confusão na terra dos cícones, uma tribo que vivia na cidade de Ismara. Lá, eles levaram uma bela e merecida porrada e foram embora. Chegam então à terra dos lotófagos, ou comedores de lótus, que é uma flor que faz com que aqueles que a comam percam a vontade de voltar para casa. Odisseu convence os companheiros a ir embora e eles chegam à terra dos ciclopes, os gigantes de um olho só, onde são capturados por Polifermo, um dos gigantes. Odisseu fura o olho de Polifermo e eles vão embora xingando e fazendo a maior bagunça, como era o costume.
Chegando em seguida à terra de Éolo, Odisseu ganha um saco onde estão guardados os ventos que poderiam atrapalhá-lo durante a viagem. Éolo diz a ele: “Não abra o saco, champs.” Odisseu obedece, mas os seus amigos o abrem mesmo assim, criando uma tempestade e fazendo com que eles voltem à terra de Éolo, que diz algo como: “Eu avisei que não era para abrir, campeão.” Eles continuam a viagem e se ferram mais ainda quando chegam à terra de uns caras que comem gente. Na sequência, eles chegam à ilha de Circe, uma deusa feiticeira, que dá comida enfeitiçada aos companheiros de Odisseu e os transforma em porcos. Nisso, surge Hermes de novo, que dá umas dicas a Odisseu para lidar com a deusa, que acaba querendo sexo. Papo vai, papo vem, eles ficam lá durante um ano, até que Circe manda Odisseu ao Inferno (também chamado de Hades) para conversar com Tirésias, o adivinho cego.
Chegando ao Inferno, Odisseu encontra uma galera morta, incluindo sua mãe Anticléia e seu companheiro Elpenor. Tirésias dá a ele duas dicas: primeiro, diz para que eles não comam as vacas de Hélio (wtf?!) e, depois, para que ele fique esperto com os pretendentes de Penélope, que são todos uns safados. Lá embaixo, ele encontra ainda Aquiles, Minos, Hércules e muitos outros famosos do mundo grego.
Mais uma vez, Odisseu volta para a casa de Circe, de quem recebe instruções para o resto da viagem, principalmente para ter cuidado com as sereias e parar de querer resolver tudo na pancadaria. Quando eles se encontram com as sereias, os amigos de Odisseu usam cera para tampar os ouvidos, mas Odisseu, todo safadão, quer ouvir o famoso canto, então ele é amarrado ao mastro do navio, de onde não poderia fugir e se atirar ao mar. Depois disso, eles chegam à ilha do Sol e comem as vacas de Hélio – sendo que não comê-las havia sido a única advertência útil que Tirésias deu a Odisseu. Resultado: Zeus manda um raio para que eles fiquem mais espertos. É depois disso que Odisseu vira prisioneiro de Calipso.
Assim termina a história que Odisseu estava contando aos feácios. O pessoal o leva então de volta para casa. Quando ele chega à Ítaca, Atena (disfarçada primeiro de pastor e depois de uma bela mulher) diz que ele deve procurar o porqueiro, que é um empregado fiel, mas disfarçado de mendigo e não com sua verdadeira aparência. Enquanto isso, Atena vai buscar Telêmaco (o filho dele, que saiu para procurá-lo, lembra?), que ainda está em Esparta. A deusa diz a Telêmaco para voltar para casa rápido, mas para ir à casa do porqueiro antes de qualquer coisa. Chegando lá, pai e filho se reencontram. Muito comovente.
Odisseu, ainda disfarçado de mendigo, volta à sua antiga casa. Estando disfarçado, ele diz à Penélope (sua mulher, que não sabe quem ele é) que viu Odisseu (ele mesmo) em Creta. Ela declara que irá propor um concurso entre os pretendentes para se casar com aquele que vencer. Neste meio tempo, uma criada lava os pés de Odisseu e o reconhece devido a uma antiga ferida.
Começa então o concurso para ver quem irá se casar com Penélope. A competição consiste em retesar um arco que pertencia a Odisseu e lançar uma flecha por entre os buracos de doze machados, uma prova consideravelmente difícil. O pessoal tenta, mas ninguém consegue retesar o arco. Odisseu, ainda como mendigo, consegue, é claro. Neste momento, uma música heróica estaria soando se isto fosse um filme. Chega o momento da pancadaria final, quando pai e filho lutam lado a lado. Os pretendentes morrem. Depois disso, Penélope reconhece Odisseu quando ele descreve a cama que ele mesmo havia feito, a qual está sustentada por um tronco de oliveira.
No fim, Atena coloca panos quentes para que ninguém mais brigue em Ítaca e é feito um juramento de paz para o futuro. Olha só que bonitinho!
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E essa é a Odisseia, de Homero, em cinco minutos. Por hoje é só. (G.P.)
Se você não leu – ou não quer ler – a obra original, aí vai uma versão fast-food para ser apreciada em 5 minutos.
A Odisseia, de Homero, em 5 minutos
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Telêmaco é um cara que vive em Ítaca, uma ilha grega, e já está com o saco cheio de uma galera que vive fazendo a maior zona em sua casa. Chamados de pretendentes, eles são um bando de nobres que querem se casar com sua mãe, Penélope. Tudo porque o seu pai, Odisseu (também chamado de Ulisses) lutou na guerra de Tróia e, anos depois, ainda não voltou para casa. Pois é, quando o gato sai, os ratos fazem a festa. Num certo dia, os deuses decidem que está na hora de Odisseu voltar para casa, mas o problema é que ele está preso na ilha de Calipso, uma ninfa do mar. Então, Atena, a deusa da sabedoria, desce disfarçada à Ítaca, conversa com um pessoal e arruma para Telêmaco um barco e uma tripulação. Juntos, Atena e Telêmaco partem em busca de Odisseu. Eles param em Pilo, onde conseguem uns cavalos, e Telêmaco parte para Esparta, onde conhece Menelau, marido de Helena e veterano da guerra de Tróia. Menelau diz que ouviu um papo de que Odisseu está vivo numa ilha. Fica aí o mistério e, enquanto isso, os pretendentes se preparam para matar Telêmaco quando ele voltar para casa.
Mais uma vez, os deuses fazem uma reuniãozinha e decidem que Calipso deve libertar Odisseu. Então eles mandam Hermes, o jornalista/relações públicas dos deuses para conversar com a ninfa. Dessa forma, ela liberta Odisseu, que constrói uma jangada e sai navegando tranquilamente. Porém, Poseidon chega de repente e joga uma tempestade sobre Odisseu. Ino (também chamada de Leucotéia), uma entidade que ajuda o pessoal que está naufragando, transforma-se em gaivota e dá a Odisseu uma espécie de colete salva-vidas. Ele chega então ao país dos feácios.
Enquanto Odisseu dorme, Atena (ela de novo!) aparece nos sonhos de Nausícaa, a princesa dos feácios, e a manda lavar roupa no rio. Quando chega ao rio, Nausícaa encontra Odisseu, gosta dele e diz para ele ir bater um papo com o pai dela, pois os feácios sabem construir barcos muito bem. Mas eles são muito xenofóbicos, os safadinhos, e por isso Atena faz um feitiço maroto que o torna invisível. Odisseu conhece então o rei Alcino e, no dia seguinte, eles vão para a ágora (o centro da cidade) e falam sobre a guerra de Tróia. Bate uma emoção em Odisseu e ele chora, mas só Alcino percebe. Mais tarde, os feácios cantam sobre o Trojan Horse (o cavalo de madeira, não o vírus) e Odisseu chora de novo. O rei percebe e pensa “Opa, quem é esse cara?”, fica com a pulga atrás da orelha e vai falar com ele.
Odisseu diz quem é verdadeiramente e assim começam seus relatos aos feácios. Ele diz que, primeiramente, juntou um pessoal e foi criar confusão na terra dos cícones, uma tribo que vivia na cidade de Ismara. Lá, eles levaram uma bela e merecida porrada e foram embora. Chegam então à terra dos lotófagos, ou comedores de lótus, que é uma flor que faz com que aqueles que a comam percam a vontade de voltar para casa. Odisseu convence os companheiros a ir embora e eles chegam à terra dos ciclopes, os gigantes de um olho só, onde são capturados por Polifermo, um dos gigantes. Odisseu fura o olho de Polifermo e eles vão embora xingando e fazendo a maior bagunça, como era o costume.
Chegando em seguida à terra de Éolo, Odisseu ganha um saco onde estão guardados os ventos que poderiam atrapalhá-lo durante a viagem. Éolo diz a ele: “Não abra o saco, champs.” Odisseu obedece, mas os seus amigos o abrem mesmo assim, criando uma tempestade e fazendo com que eles voltem à terra de Éolo, que diz algo como: “Eu avisei que não era para abrir, campeão.” Eles continuam a viagem e se ferram mais ainda quando chegam à terra de uns caras que comem gente. Na sequência, eles chegam à ilha de Circe, uma deusa feiticeira, que dá comida enfeitiçada aos companheiros de Odisseu e os transforma em porcos. Nisso, surge Hermes de novo, que dá umas dicas a Odisseu para lidar com a deusa, que acaba querendo sexo. Papo vai, papo vem, eles ficam lá durante um ano, até que Circe manda Odisseu ao Inferno (também chamado de Hades) para conversar com Tirésias, o adivinho cego.
Chegando ao Inferno, Odisseu encontra uma galera morta, incluindo sua mãe Anticléia e seu companheiro Elpenor. Tirésias dá a ele duas dicas: primeiro, diz para que eles não comam as vacas de Hélio (wtf?!) e, depois, para que ele fique esperto com os pretendentes de Penélope, que são todos uns safados. Lá embaixo, ele encontra ainda Aquiles, Minos, Hércules e muitos outros famosos do mundo grego.
Mais uma vez, Odisseu volta para a casa de Circe, de quem recebe instruções para o resto da viagem, principalmente para ter cuidado com as sereias e parar de querer resolver tudo na pancadaria. Quando eles se encontram com as sereias, os amigos de Odisseu usam cera para tampar os ouvidos, mas Odisseu, todo safadão, quer ouvir o famoso canto, então ele é amarrado ao mastro do navio, de onde não poderia fugir e se atirar ao mar. Depois disso, eles chegam à ilha do Sol e comem as vacas de Hélio – sendo que não comê-las havia sido a única advertência útil que Tirésias deu a Odisseu. Resultado: Zeus manda um raio para que eles fiquem mais espertos. É depois disso que Odisseu vira prisioneiro de Calipso.
Assim termina a história que Odisseu estava contando aos feácios. O pessoal o leva então de volta para casa. Quando ele chega à Ítaca, Atena (disfarçada primeiro de pastor e depois de uma bela mulher) diz que ele deve procurar o porqueiro, que é um empregado fiel, mas disfarçado de mendigo e não com sua verdadeira aparência. Enquanto isso, Atena vai buscar Telêmaco (o filho dele, que saiu para procurá-lo, lembra?), que ainda está em Esparta. A deusa diz a Telêmaco para voltar para casa rápido, mas para ir à casa do porqueiro antes de qualquer coisa. Chegando lá, pai e filho se reencontram. Muito comovente.
Odisseu, ainda disfarçado de mendigo, volta à sua antiga casa. Estando disfarçado, ele diz à Penélope (sua mulher, que não sabe quem ele é) que viu Odisseu (ele mesmo) em Creta. Ela declara que irá propor um concurso entre os pretendentes para se casar com aquele que vencer. Neste meio tempo, uma criada lava os pés de Odisseu e o reconhece devido a uma antiga ferida.
Começa então o concurso para ver quem irá se casar com Penélope. A competição consiste em retesar um arco que pertencia a Odisseu e lançar uma flecha por entre os buracos de doze machados, uma prova consideravelmente difícil. O pessoal tenta, mas ninguém consegue retesar o arco. Odisseu, ainda como mendigo, consegue, é claro. Neste momento, uma música heróica estaria soando se isto fosse um filme. Chega o momento da pancadaria final, quando pai e filho lutam lado a lado. Os pretendentes morrem. Depois disso, Penélope reconhece Odisseu quando ele descreve a cama que ele mesmo havia feito, a qual está sustentada por um tronco de oliveira.
No fim, Atena coloca panos quentes para que ninguém mais brigue em Ítaca e é feito um juramento de paz para o futuro. Olha só que bonitinho!
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E essa é a Odisseia, de Homero, em cinco minutos. Por hoje é só. (G.P.)